Author Topic: Um poema por dia...  (Read 824 times)

Offline lamina

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Um poema por dia...
« on: March 20, 2014, 10:35:53 pm »
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E porque hoje começa a Primavera...  :D


https://www.youtube.com/watch?v=ZNWEmKLLFWA


Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.



Quem gostar de poesia (seja em texto ou YT) continuem a corrente, que a boa poesia não passa de moda...  :)
« Last Edit: March 20, 2014, 10:37:58 pm by lamina »

Offline Nuno Sá

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Re: Um poema por dia...
« Reply #1 on: March 21, 2014, 01:11:48 am »
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 Que bela ideia. Lembro-me de ver o Viegas a declamar na televisão, quando era criança e tenho pena das crianças de hoje que só vêem néscios na tv.

 <a href="http://www.youtube.com/watch?v=YzN9uqb97bA" target="_blank">http://www.youtube.com/watch?v=YzN9uqb97bA</a> 

Offline GADREL

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Re: Um poema por dia...
« Reply #2 on: March 21, 2014, 06:18:19 am »
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Galo de Rinha
Jayme Caetano Braun

Valente galo de rinha,
guasca vestido de penas!
Quando arrastas as chilenas
No tambor de um rinhedeiro,
No teu ímpeto guerreiro
Vejo um gaúcho avançando
Ensanguentado, peleando,
No calor do entreveiro !

Pois assim como tu lutas
Frente a frente, peito nu.
Lutou também o xiru
Na conquista deste chão...
E como tu sem paixão
Em silêncio ferro a ferro,
Caía sem dar um berro
De lança firme na mão!

Evoco nesse teu sangue
Que brota rubro e selvagem.
Respingando na serragem,
Do teu peito descoberto,
O guasca no campo aberto,
De poncho feito em frangalhos.
Quando riscava os atalhos
Do nosso destino incerto!

Deus te deu, como ao gaúcho
Que jamais dobra o penacho,
Essa de altivez de índio macho
Que ostentas já quando pinto:
E a diferença que sinto
E que o guasca, bem ou mal!,
Só luta por um ideal
E tu brigas por instinto!

Por isso é que numa rinha
Eu contigo sofro junto,
Ao te ver quase defunto.
De arrasto, quebrado e cego,
Como quem diz: "Não me entrego,
Sou galo, morro e não grito,
Cumprindo o fado maldito
Que desde a casca eu carrego!"

E ao te ver morrer peleando
No teu destino cruel.
Sem dar nem pedir quartel.
Rude gaúcho emplumado.
Meio triste, encabulado,
Mil vezes me perguntei
Por que é que não me boleei
Pra morrer no teu costado?

Porque na rinha da vida
Já me bastava um empate!
Pois cheguei no arremate
Batido, sem bico e torto ..
E só me resta o conforto
Como a ti, galo de rinha,
Que se alguém dobrar-me a espinha
Há de ser depois de morto!
LEGIO PATRIA NOSTRA.

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