Barbear Clássico
Material => Sabões e Cremes => Avaliação de Cremes => Topic started by: FML on November 10, 2014, 02:35:47 am
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Avaliação do creme Ingram azul egípcio
(http://i57.tinypic.com/ejaemv.jpg)
1. Formulação
“Stearic. Coconut Oil. Soda. Glycerine.” é o que aparece no tubo do creme, mas certamente não é a lista completa de ingredientes.
2. Apresentação/embalagem
Caixa de cartão branca com motivos azuis e cinzentos com relevo. Uma boa conjugação entre o moderno e o clássico. A caixa é razoavelmente robusta e encerra um tubo plástico com um fino revestimento metálico no interior, tipo pasta de dentes, nas mesmas cores, não lacrado, com 60g de creme branco perolado.
A tampa do tubo é branca e lembra as tampas das pastas de dentes. É robusta mas não suficientemente larga para servir de base para manter o tubo em pé sem algum equilibrismo.
O orifício por onde sai o creme é largo e não oferece grande resistência à saída do creme.
O tubo é funcional e agradável e funciona melhor e é mais resistente, mas talvez menos ecológico, que os tubos totalmente metálicos de outros cremes.
3. Quantidade de creme
É preciso pouco creme para fazer uma boa espuma para barbear. Mesmo com pincéis comilões, é necessário pouco mais de 1cm de creme para fazer três-quatro passagens e aplicar espuma de conforto.
4. Duração
O tubo tem um tamanho pequeno, 60g. Numa utilização intermédia, eu diria que este tubo dura cerca de 2 meses. A mim, durou 67 escanhoados usando maioritariamente pincéis comilões, quatro passagens e aplicando espuma de conforto. Em média foram gastos 0,9g de creme por escanhoado.
5. Capacidade para formar espuma
Este creme chegou-me às mãos muito mole e até na consistência parecia pasta de dentes. Tinha uma consistência ótima para aplicar no pincel e espumar na cara com facilidade sem a preocupação de o creme cair. Volvido um ano desde que foi adquirido, o creme tornou-se mais sólido, não permitindo tão bem a mesma faceta. É um creme que, ao contrário dos cremes da Confiança, fica mais sólido com o frio.
Não obstante a consistência, uma pequena quantidade de creme espuma abundantemente se lhe adicionarmos água com generosidade.
A início a espuma aparece na forma de bolhas de ar grandes que depressa desaparecem com mais algumas voltas de pincel para dar origem à espuma propriamente dita. É, por isso, um creme enganador, que facilmente leva o utilizador desprecavido a usar creme a mais e água a menos (obtendo uma espuma de menor qualidade).
6. Rácio água/creme
É um creme que gosta de mais água que o normal, água suficiente para arruinar a espuma de alguns cremes. Aliás, a início, a quantidade exata de água parece exagerada pois a primeira espuma aparece em grandes bolhas de ar.
É um creme bastante permissivo mas quer água em abundância. Um excesso de água é facilmente eliminado trabalhando um pouco a espuma com o pincel e a espuma seca responde bem ao incremento de água.
A única forma de não acertar na espuma é ser parco na água inicial, o creme não deve encorpar mas sim explodir em bolhas.
7. Qualidades da espuma
Consegue-se algum volume e opacidade. Se a espuma estiver mais aguada tem dificuldade em não mostrar a pele por baixo, afastando-se do aspeto compacto da espuma dos sabões.
Acho particularmente complicado criar uma espuma opaca e volumosa com este creme sem que a espuma fique demasiado seca.
O acolchoamento é meramente suficiente mas, por outro lado, não incomoda, permitindo um bom apurado.
8. Protecção e deslize
O deslize é bom e a proteção também, mas não são propriamente impressionantes. Uma espuma mais densa fica algo seca e não melhora a proteção porque compromete o deslize.
Nunca senti a necessidade de usar um pré para colmatar qualquer falta de proteção e deslize.
9. Sensação na cara
Confere uma sensação gelada e anestesiante, principalmente se usada água fria entre passagens, pois a água fria potencia o efeito. Por oposição, água quente contraria o efeito gelado do creme, tornando-o apenas refrescante.
Não é agradável usar o creme nos dias frios pois torna-se doloroso.
Não detetei qualquer reação alérgica ou picadas.
10. Hidratação e sensação após barbear
A hidratação é bastante boa nos dias quentes, a pele fica suave e bem tratada. Nos dias frios temo que o mentol presente no creme tenha tendência a deixar a pele seca e áspera nas zonas mais sensíveis.
O creme deixa uma sensação de frescura e acalmia na pele muito apetecível nos dias mais quentes, que dura algum tempo após o barbear, principalmente se for complementado com água fria.
11. Aroma
O aroma é agradável, mentolado e cítrico, mas tem algo de quente que se pode ligar bem a um ambiente árabe/africano. O aroma é forte sem ser exagerado. Permanece persistentemente no pincel mas pouco tempo na pele após o escanhoado. Não interfere com outras fragrâncias.
12. Preço e disponibilidade
Este creme é muito barato no Egipto mas não é nada fácil de obter no estrangeiro. A única maneira que conheço de o adquirir é através do user lamina (Gil Brandão). O tubo de 60g custou-me €2,25. É um preço proporcionalmente mais alto que os cremes médios portugueses, que têm performance superior, ou que um Proraso Verde. Contudo, é um preço perfeitamente justificável pelo aroma diferente e pela frescura que proporciona. O preço por barba ficou em €0,034, o que não é muito mas não tive em consideração os portes que são sempre necessários para quem não vive ali ao lado de S. João da Madeira.
13. Conclusão
Trata-se de um creme muito competente, de aroma agradável, performance acima do exigível e indicado para os dias quentes de Verão por causa da sua frescura.
Não tem receio nenhum de enfrentar produtos de renome e concorre diretamente com os mentolados Proraso, Williams e Lea. O Lea não experimentei, mas comparando com os outros dois (Proraso Verde – sabão – e Williams Menthol), o Ingram perde essencialmente na hidratação pós barba e no preço. O aroma do Proraso é mais forte, mas eu prefiro o Ingram. Em termos de efeito mentolado da espuma, todos acabam por se equivaler mas o Ingram dá a mesma frescura com menos quantidade de creme. O Proraso também é capaz de uma espuma mais opaca sem ficar seca, mas nem por isso é uma espuma com melhor desempenho.
Na minha opinião, este creme vale a pena adquirir como creme de Verão ou dias quentes. É uma boa alternativa de odor mais agradável que o Proraso Verde. Trata-se de um creme de bom desempenho, ideal para as férias de Verão, quer pela frescura, quer pela praticidade e mobilidade do tubo pequeno.
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Obrigado pela óptima review.
O Ingram egípcio é de facto um bom creme, que cumpre bem a sua função.
Tenho uma ligeira preferência pelo Ingram inglês, que tem lanolina e um pós-barba um pouco melhor. No entanto, o Ingram Inglês requer uma quantidade maior de creme para fazer a espuma. :)
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Grande review! Obrigado!
Quando vi que 60 g de creme tinham rendido 67 escanhoados pensei que tivesse havido engano, mas a explicação é clara...
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Boa review.
Confesso que com o meu gastava um pouco mais que 1cm de creme mas também não lhe adicionava mais água que o normal. No meu caso tentava aumentar um pouco a protecção sacrificando algum deslize compensado pelo pré-shave proraso. Em todo o caso deu-me sempre bons escanhoados e o aroma era bastante agradável e distinto fugindo aos mentas e eucaliptos típicos deste tipo de cremes. Em resumo um bom creme para os dias quentes que também recomendo para quem tiver oportunidade de experimentar.
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Obrigado pelo review!
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Obrigado pelo review!
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Obrigado pelo review.
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Grande review! Obrigado!
Quando vi que 60 g de creme tinham rendido 67 escanhoados pensei que tivesse havido engano, mas a explicação é clara...
Bem, quando virem um post do FML é melhor acrescentarem YMMV para menos ;D
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Parabéns pelo review! :)
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Bela análise, Flávio! A versão egípcia é de facto superior à britânica, e curiosamente este creme proporcionou-me uma boa hidratação pós-barba, foi até para mim um dos pontos altos deste creme, a par da rapidez de formação e qualidade geral da espuma.
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Belo review