Barbear Clássico
Material => Sabões e Cremes => Avaliação de Sabões e Stick => Topic started by: FML on February 15, 2015, 11:50:13 pm
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Avaliação do sabão Fitjar Villmann
(http://i62.tinypic.com/b8u7br.jpg)
1. Formulação
Ingredientes que apareciam no site da Fitjar para a recarga deste sabão antes de cessar produção:
Sodium stearate; Glycerine; Potassium stearate; Potassium cocoate; Olea europea; Sodium laureth sulphate; Sodium lauryl sulphate; Propylene glycol; Essential oils; Tetrasodium etidronate; Pentasodium pentetate.
Esta fórmula devia andar a ser aperfeiçoada consoante a auscultação dos utilizadores. A verdade é que este sabão já teve sebo na base e na formulação mais recente era vegetal. A fórmula que estava no site quando recebi a minha amostra não era esta. No geral eram estes os ingredientes, a fórmula era um pouco mais natural/orgânica, agora falta a manteiga de Karité que estava na fórmula anterior, por exemplo.
A formulação do sabão que experimentei era esta:
Glycerine; Sodium stearate; Sorbitol; Sodium Cocoate* Stearic Acid; Coconut Fatty Acid*; Lauric Acid; Cocus Nuciferi*; Olea Europea*; Sorbitol; Sodium Laurate; Sodium Laurate Sulphate; Sodium Lauryl Sulphate; Bulyrospermum Parkii*; Pentasodium Pentetate; Tetrasodium Etidronate; Essential Oils. (* elementos orgânicos).
Na formulação destacaria, como negativo, os SLS que não agradam a algumas pessoas e, como positivo, o azeite e a manteiga de karité.
2. Apresentação/embalagem
Caixa de cartão paralelepípeda com dizeres a preto. Bem simples e funcional para uma recarga.
O sabão é cilíndrico com cerca de 6,5cm de diâmetro e 3cm de altura. Uma medida bastante comum mas seria mais fácil carregar com o pincel se o diâmetro fosse maior.
3. Carga de sabão
Não tive oportunidade de usar um sabão completo. Usei uma amostra oferecida pelo confrade cariocarj01, com a forma de uma fatia de queijo e cerca de 10g. Por essa razão tive bastante dificuldade a carregar o sabão que não parava quieto na taça ou quando o segurava na mão tinha de passar exaustivamente o pincel. A carga nunca foi satisfatória.
Melhores resultados tive usando a amostra como se tratasse de um stick, mas mesmo assim, besuntando a cara totalmente de sabão, a espuma não era mais que suficiente para as minhas habituais quatro passagens com espuma de conforto.
Concluo portanto que a carga do sabão não é fácil e exige algum trabalho e maior quantidade do que estou acostumado.
4. Duração
A amostra durou-me exatos 16 escanhoados. Mas este é um número otimista pois nem sempre fiz as habituais 4 passagens e a espuma roçou sempre o limiar entre a quantidade suficiente e insuficiente.
Estimo que uma pastilha de sabão de 100g me renda entre 90 e 130 barbas de quatro passagens e conforto.
5. Capacidade para formar espuma
É preciso muito sabão e o mesmo precisa de ser bastante trabalhado com o pincel para espumar. A espuma cresce mas nunca chega a explodir. Fiquei com a impressão que o sabão espuma melhor na cara que na tigela.
6. Rácio água/sabão
É um sabão que gosta de menos água que o normal. Todavia, não existe espuma seca com este sabão. Ou existe espuma adequada, espuma um pouco aguada e mais deslizante ou espuma nenhuma.
É fácil passar o ponto da espuma se não se usar o método de incrementos sucessivos e marginais de água. Usando-se o sabão como stick não tem como errar.
7. Qualidade da espuma
Consegue-se algum volume e opacidade com bastante carga de sabão. A espuma nunca se demonstra seca, nem se torna pesada ou pegajosa, é sempre gordurosa, aguada, lustrosa e sem bolhas de ar.
Se a espuma estiver ligeiramente mais aguada ou faltar produto no pincel, tem dificuldade em não mostrar a pele por baixo dela mas não tem tendência a desaparecer passado algum tempo nem as suas propriedades se esvaecem.
A espuma não amacia o pelo. Para alguns isso é uma clara desvantagem, para mim é vantajoso pois permite que a lâmina encontre resistência no pelo e o corte com mais facilidade. Só não considero uma caraterística totalmente vantajosa, porque se a barba tiver mais que um dia, a tendência é que a lâmina puxe o pelo. Se a barba estiver comprida, aconselho o uso de um pré que amacie o pelo.
8. Proteção e deslize
O deslize é fenomenal, a proteção é mediana. Diria mais, a proteção existe na medida que o deslize é fenomenal. Se a barba estiver desbastada, o deslize é tal que a lâmina parece patinar em gelo. Nenhum outro creme ou sabão, que eu tenha experimentado, apresentou deslize igualável.
A espuma não apresenta acolchoamento nem deixa resíduos que permitam múltiplas passagens sem aplicar novamente espuma. Como tal, é um sabão que não se dá bem com aqueles que não tenham uma técnica metódica de passagens ou não façam a barba todos os dias.
9. Sensação na cara
Conforto total. A pele fica confortável, quase como se não estivesse nada inatural na cara. Não se sente nada a picar, não se sente frescura nem secura, sente-se apenas uma ligeira camada líquida protetora (um escudo sem peso) e calmante de qualquer irritação.
10. Hidratação e sensação pós barbear
Azeite, manteiga de Karité... A hidratação devia ser boa e é muito boa, a melhor que alguma vez experimentei. Deixa facilmente para trás pesos pesados como MWF, MdC ou Savon des Volcans.
Equipara-se aos melhores cremes hidratantes que já experimentei (e não me deixaram a cara gordurosa). A pele fica suave, nutrida e deslizante.
O sabão deixa uma sensação muito sã e calmante que a inclusão de um bálsamo ou loção só pode estragar.
11. Aroma
Imaginem-se dentro de uma serração, com madeira de carvalho cheia de musgo à vossa frente. É a isso que cheira este sabão. Musgo, carvalho acabado de cortar e qualquer outra nota de madeira que não consegui descobrir.
Este foi o aroma que mais me agradou no barbear até hoje, aliás, quando recebi o envelope com a amostra, pensei que estava perante as notas de fundo de um bom perfume que tivesse sido derramado no envelope. Estava mesmo para perguntar ao confrade Classic-shaver (que me fez chegar a amostra), que perfume tinha alí caído, quando me apercebi que o perfume vinha do sabão.
O aroma é muito bom, mas ténue e só dura o tempo do barbear. Para uns, aqueles que consideram que o aroma de um sabão deve durar somente o barbear e não interferir com as fragrâncias do after-shave ou da colónia, a permanência do aroma seria perfeita, mas para outros (como eu) que gostam do aroma, saberá a pouco.
Diria ainda que o aroma não é potente o suficiente para mascarar completamente o cheiro rançoso do azeite que compõe o sabão e pode ser sentido esporadicamente.
12. Preço
Gostei do sabão e por isso, na altura em que experimentei a amostra (antes das notícias de cessação de produção), simulei a importação de sabões (recarga) através do site da marca para Portugal (os preços podem variar em resultado do câmbio).
A importação de um único sabão rondava €22, enquanto a importação de quatro sabões rondava €16 por sabão (€64 no total). Estes preços não têm em conta prováveis impostos a serem cobrados na alfândega mas, mesmo assim, comprados em quantidade, aproximam-se do preço de outros sabões como os Valobra em pote.
Atenta a duração provável de um sabão, o escanhoado custaria entre €0,24 na pior das hipóteses e €0,12 na melhor. Cerca de dez vezes mais que os cremes mais baratos do mercado.
13. Conclusão
É um sabão artesanal com um preço alto, duração média baixa e que não agradará a toda a gente, principalmente a quem não faz a barba todos os dias.
Tanto proteção/acolchoamento, como amaciamento do pelo são medíocres. Contudo, o deslize e a hidratação são foras de série, destacando-se bastante de outros sabões.
O aroma é excelente e natural, mas falta-lhe duração e intensidade para além do barbear.
Certamente não é um sabão perfeito como um Martin de Candre, que de tão perfeito até se torna insípido. Pode-se dizer que é um sabão cheio de carácter, marginal, com defeitos e virtudes marcantes, que se destaca espetacularmente dos outros sabões por fugir do equilíbrio performante.
Recomendaria este sabão a quem procura algo peculiar e tivesse uns trocos a mais para gastar, mas o sabão não se produz mais porque a produtora não consegue manter o negócio cumprindo as exigências da UE.
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É pena que a Fitjar foi para Valhalla (hãm, entenderam?! lol ) pois era possível que com o tempo, ajustasse as falhas desse sabão que tu identificaste bem.
Eu tirei uma duzia de barbeados com ele, e foram todos confortáveis, mas de facto não era uma espuma que vislumbrasse ninguém. Ainda assim cumpria seu papel. Agora, o aroma... o aroma era o BICHO! (apesar de um pouco fraco)
Tinha esperanças que alguém iria comprar a empresa, mas a Noruega é mesmo fora de rota para o resto do mundo.
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Wow!! Que bela avaliação!! Obrigado!! Parece ser um sabão complexo e curioso ... não vejo ponto negativos ... e sim a escolha certa do pincel e lamina ... não sei como não pode ser emoliente!!
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Obrigado pelo review :)
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Excelente avaliação!
Eu sou suspeito pra falar do sabão Fitjar, pois adoro em todos os quesitos!!!
Quanto à Fitjar, foi pro buraco mesmo. A dona está só esperando vender o estoque que não é cosmético (pois a autorização para esses acabou 31/12/14) para fechar a loja física e a loja onlina.
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Uma excelente avaliação de um sabão e marca que infelizmente já não está disponível...
Parabéns! :D
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Uma excelente revisão. :)
Mas falta aí um "boneco" do respectivo sabão. :P
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Muito boa review (tem talento o FML), pena de facto já não estar disponível o sabão.
Alguém sabe que exigências da UE a artesã não conseguiu cumprir? Ou, mais naturalmente, o negócio foi ao charco mesmo por não conseguir vender o suficiente?
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Podes ler aqui (http://www.anpdm.com/newsletterweb/424A58467545455A4271424B59/41435D4073484B5F4771454A514371)o comunicado oficial.
Aparentemente é estranho, muitos outros artesãos cumprem as exigências actuais da UE sem problemas.
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Bela análise, Flávio. Como sempre, aliás!
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Obrigado pelos elogios e incentivos :) Na altura (um ano atrás) fiquei desanimado em publicar a avaliação uma vez que o sabão tinha mudado a fórmula.
Infelizmente não tenho nenhuma fotografia do sabão. Acrescentei uma fotografia da amostra e para fotos da espuma consultem este (http://www.barbearclassico.com/index.php?topic=5571.15) tópico do cariocarj01.
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Podes ler aqui (http://www.anpdm.com/newsletterweb/424A58467545455A4271424B59/41435D4073484B5F4771454A514371)o comunicado oficial.
Aparentemente é estranho, muitos outros artesãos cumprem as exigências actuais da UE sem problemas.
Não estou a escrever que os que produtores de sabão para a barba não cumprem mas há quem não cumpre e venda, como podes ler no site do infarmed "Venda ilegal de sabonetes artesanais" (http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/MAIS_NOVIDADES/DETALHE_NOVIDADE?itemid=9976288)
Em Portugal, e nos outros países deve ser igual, o problema da micro produção começa logo com os requisitos do técnico responsável "Licenciatura ou bacharelato em Ciências Farmacêuticas, Química, Biologia, Medicina ou Engenharia Química, …".
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Essa legislação conheço eu bem, por (de)formação profissional...
Esse pormenor até é fácil, é como as farmácias, em que o dono é um mas o director técnico é outro... tudo se faz.
Outros pormenores requerem mais atenção... e trabalho. E parece-me que faltou isso... não se quer ter trabalho nem lidar com burocracias, e depois culpa-se a legislação....
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Ou seja, demasiado trabalho e contorcionismo para o retorno económico...
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Ou pode deixar de ser rentável, como explicou a Senhora, e fecha-se a loja.
Também questiono se essa legislação serve para proteger os consumidores, ou para proteger alguns interesses poderosos já instalados.
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Uiii, isso dava pano para mangas. Mas vou-me abster de comentar porque acabaria por entrar na política e causar reações apaixonadas.
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Uiii, isso dava pano para mangas. Mas vou-me abster de comentar porque acabaria por entrar na política e causar reações apaixonadas.
Ui, dava mesmo.
E até te digo, pode não ser perfeita, mas mesmo assim, e do ponto de vista do consumidor, estamos bem melhor que os USA, por exemplo...
Mas tudo isto já e offtopic...