Ora bem, não tenho já grande coisa a acrescentar ao que já aqui foi dito, existem já diversas opiniões muito bem apresentadas e fundamentadas. Coloco aqui a minha, penso que também é concordante pelo menos com a maioria delas, mas de qualquer maneira aqui vai:
Comecei por colocar o sabão de molho para facilitar a carga, usei para isso a minha tigela alentejana :D
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Carreguei o pincel cerca de 1 minuto, o normal para qualquer sabão duro, e usei o meu Vulfix 2234h TGN Finest (http://www.barbearclassico.com/index.php?topic=2433.0), é um pincel relativamente pequeno mas que me dá confiança no que toca a sabões duros, além disso este nó tem as pontas muito suaves (mais suaves que os outros TGN que tenho, devo ter apanhado um lote bom) :D. O tamanho pequeno da amostra complica um pouco ao carregar o pincel, mas segurando o sabão com uma mão e o pincel com a outra, a coisa faz-se sem problemas de maior. Após ~1minuto de carregamento, tinha o pincel assim:
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Essa espuma era um pouco arejada e sem corpo, faltava-lhe espessura…. Trabalhando mais um pouco na tigela e na cara, melhorou bastante. Uma coisa é certa, obter uma boa espuma deste sabão exige trabalho. Ao princípio, ficou assim na tigela, espuma abundante, sólida mas sem grande corpo e com algumas bolhas de ar, e com pouca capacidade para reter água (falta-lhe aquele brilho característico das boas espumas).
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Trabalhando mais um pouco na tigela e na cara, a espuma melhora substancialmente, e fica minimamente apta para barbear. Melhora o seu aspecto e fica com mais “corpo”.
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No entanto, tem sempre alguma tendência para secar e perder volume, tanto que nas passagens posteriores, exige sempre que se trabalhe mais a espuma para que melhore. É também uma espuma algo caprichosa, que exige muito cuidado com a quantidade de água que se adiciona – uma gota a mais e fica arejada, perdendo as suas boas propriedades.
Durante o escanhoado, usei uma velha Gillette NEW inglesa e uma lâmina Silver Blue, uma combinação não propriamente suave, e esta espuma permitiu um bom escanhoado, não tive qualquer reacção adversa, nem qualquer tipo de irritação, ponto de sangue ou corte.
Fazendo o célebre “teste da mão”:
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Ao fechar a mão, a espuma apresenta ter alguma resistência, o que é bom, mas não tanto como a maioria dos sabões… é suficientemente compacta e encorpada para permitir um escanhoado, mas menos que a grande maioria dos sabões disponíveis comercialmente, mesmo artesanais.
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Uma coisa boa, era suficientemente coesa para formar pequenas bolsas de espuma quando se lavava a máquina – isto é um bom sinal, sem dúvida, sinal de boa qualidade dos óleos utilizados.
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Assim, e fazendo uma breve avaliação:
Facilidade de espumar: Não é difícil carregar o pincel, e a primeira espuma sai facilmente. No entanto, obter uma boa espuma, densa e compacta, requer um pouco de trabalho, e não chega a ficar perfeita.
Qualidade da espuma: A espuma obtida é de qualidade mediana, permite um escanhoado minimamente confortável, mas sem impressionar. Tem alguma tendência a secar e a “quebrar”. Foi sempre necessário trabalhar um pouco a espuma entre cada passagem, para que a mesma readquirisse as suas propriedades.
Protecção: Razoável. Não me dá a confiança que obtenho de outras espumas mais densas e espessas, mas permitiu um bom escanhoado com a safety-razor.
Deslize: Bom, apesar de ser um parâmetro algo influenciado pela quantidade de água utilizada – um pouco de água a mais e a espuma perde as suas propriedades, afectando também o deslize.
Hidratação pós-barbear: regular. Hidrata q.b., mas não o suficiente para dispensar o uso do aftershave, ainda para mais nestes dias frios. Neste capítulo, não se destaca de outros sabões disponíveis comercialmente.
Aroma: Não vou tecer grandes comentários, afinal de contas estou ainda algo constipado e não consigo detectar este aroma na sua totalidade. Parece-me algo cítrico, não é propriamente uma família de aromas que prefiro mas pareceu-me agradável, tanto quanto pude detectar.
Conclusões:
Penso que é um excelente ponto de partida, mas necessita de evoluir para se tornar um produto bem sucedido. necessita de melhorias no que toca à estabilidade da espuma, bem como à sua espessura e densidade. A espuma é muito sensível à quantidade de água que se junta, o que não ajuda na facilidade ao espumar. Era bom melhorar também esse aspecto.
Permitiu um escanhoado bem-sucedido com a safety-razor, no entanto este sabão, tal como está, nunca seria o meu escolhido para fazer um demorado escanhoado com navalha, pois não me oferece confiança para tal: a espuma não apresenta a protecção e a estabilidade suficientes.
Não tenho dúvidas que se trata de um excelente começo. Por exemplo, testei os primeiros protótipos do JabonMan quando ele começou a tentar fabricar sabões de barba, e acreditem, eram bem piores que este protótipo da ANIS. Duas rondas de protótipos depois, o JabonMan conseguiu chegar ao produto que tem hoje em dia (reconhecidamente um dos melhores sabões de barba dentro do universo dos sabões artesanais), e ainda continua a evoluir. Espero sinceramente que o mesmo aconteça com este sabão da ANIS! :)
Desde já obrigado por terem a paciência de ler este testamento, e espero de alguma maneira ter ajudado e contribuído para a evolução deste sabão. :)