Barbear Clássico
Café Central => Escrita em Dia => Topic started by: edulpj on June 17, 2014, 11:56:34 am
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Início da década de 50... Euforia do pós-guerra, vendas de vento em popa com o carro-chefe, a Parker 51... Mesmo assim, a Parker sabia que o sucesso não seria pra sempre e que era interessante pensar seriamente em um aperfeiçoamento. Somas pesadas foram investidas e nasce em 1956 a Parker 61.
O mesmo conceito de pena embutida, num corpo mais fino e com "jóia dupla" como as primeiras P51. A "jóia" (enfeite de arremate de extremidades), estava presente não só na tampa, como também na extremidade do corpo.
Mas o mais revolucionário na Parker 61, era o sistema de abastecimento. Naquele momento, os cartuchos ainda não tinham caído no gosto popular e a Parker era particularmente avessa à idéia de cartuchos. Foi criado então, o sistema de abastecimento por CAPILARIDADE. Para abastecer a caneta, bastava remover a capa do corpo e mergulhar a cápsula interna no tinteiro. A tinta era absorvida pela cápsula que atuava como uma esponja.
A cápsula era revestida com politetrafluoretileno (PTFE ou simplesmente TEFLON), que não deixava a tinta "aderir" às suas paredes. Bastava tampar novamente com a capa do corpo sem precisar "enxugar" a peça. Com um pouco de habilidade, abastecer a caneta era uma operação rápida e limpa.
A caneta, podia ser usada até de cabeça pra baixo, pois a capilaridade "bombeava" a tinta para a pena mesmo com inversão.
Infelizmente porém, em pouco tempo o sistema revelou suas limitações... Se a tinta secasse dentro da cápsula, uma nova imersão no tinteiro podia até dissolver a velha tinta e revitalizar o sistema, mas a cada vez que isso acontecesse, a capacidade máxima ia sendo visivelmente reduzida. Em 1959, o sistema de abastecimento capilar, foi descontinuado em favor do sistema cartucho/conversor que a Parker 61 levou até o fim de seus dias na década de 80.
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Uma das "minhas meninas"... Conjunto Parker 61 caneta tinteiro + lapiseira (grafite 0.9 mm). Corpos em polímero ABS e tampas em latão folheado a ouro. Sistema de abastecimento capilar.
(http://i1209.photobucket.com/albums/cc383/edulpj/Parker%2061/SAM_2352.jpg)
(http://i1209.photobucket.com/albums/cc383/edulpj/Parker%2061/SAM_2351.jpg)
(http://i1209.photobucket.com/albums/cc383/edulpj/Parker%2061/SAM_2349.jpg)
Na última foto, detalhe da caneta aberta com visualização da cápsula de abastecimento capilar
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Minha aquisição mais recente... Parker 61 Jet Flighter DeLuxe. Corpo e tampa em aço inoxidável, detalhes folheados a ouro (clipe e jóias) e abastecimento cartucho/conversor. A Parker lançou a primeira caneta em aço inoxidável no mundo, a Parker 51 Flighter. Quando foi a vez da Parker 61, o modelo chamou-se Jet Flighter, pois em finais da década de 60, os aviões comerciais a jato começavam a mostar sua cara...
(http://i1209.photobucket.com/albums/cc383/edulpj/Parker%2061/SAM_2918_zps85d5b459.jpg)
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Mais um detalhe interessante na Parker 61... Na "concha" (cobertura da pena), havia um "insert" metálico marchetado em forma de seta. O anedotário a respeito foi abundante... Dizia-se que tal seta servia para orientar os usuários distraídos a respeito de qual das extremidades servia para escrever... Nos modelos fabricados na unidade industrial da Parker na Argentina, ao invés de uma seta, havia DOIS pontos metálicos. O modelo argentino, não usava abastecimento nem por capilaridade, nem cartucho/conversor. Utilizava bomba aerométrica fixa, idêntica à da Parker 51...
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Parabéns, muito bonitas!
Falta agora uma argentina. ;D
Sobre a manutenção das que funcionam por capilaridade: Não é possível desmontar a capsula para a limpar?
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Acho que a seta dá muito jeito para orientar o aparo.
Informação muito boa mais uma vez, mas não fiquei a perceber porque é que a capacidade diminuia de cada vez que a tinta secava.
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Parabéns, muito bonitas!
Falta agora uma argentina. ;D
Sobre a manutenção das que funcionam por capilaridade: Não é possível desmontar a capsula para a limpar?
A cápsula de capilaridade, é um tubo contendo uma bobina de celofane perfurado enrolado. Quem caiu na asneira de desmontar aquilo, nunca mais conseguiu montar de volta. É possível instalar uma bobina nova entretanto.
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Acho que a seta dá muito jeito para orientar o aparo.
Informação muito boa mais uma vez, mas não fiquei a perceber porque é que a capacidade diminuia de cada vez que a tinta secava.
Quando a tinta secava, mesmo que se lavasse a cápsula, sempre sobrava um pouco de tinta que não dissolvia e isso ia aumentando. Uma das maneiras de minimizar isso, é lavando com água sob pressão, mas o trabalho é insano. Uma boa idéia, que na prática foi abandonada...
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:) boa tarde
Encontrei este fórum ao fazer uma busca pela net sobre uma caneta que pertenceu ao meu pai.
É uma parker 61 made in usa folheada a ouro, igual a da imagem do link. http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-651659047-caneta-tinteiro-parker-signet-61-folheada-a-ouro-usa-_JM (http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-651659047-caneta-tinteiro-parker-signet-61-folheada-a-ouro-usa-_JM)
Será que alguém poderia dizer-me o valor em euros para a mesma? Este valor pedido deste site é actual?
muito obrigada.
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O valor pode estar ótimo ou péssimo... Tudo vai depender do estado do sistema de alimentação. A Parker 61 em sua primeira geração, utilizava o sistema capilar, que consistia de uma cápsula com uma bobina que absorvia a tinta sem bombeamento. Se a caneta ficou muito tempo parada com tinta dentro, o sistema pode ter ressecado, comprometendo bastante a eficiência. Isso fatalmente desvaloriza a caneta.
Se porventura o sistema estiver com a funcionalidade plena, o valor está baixo...
Em tempo: Acabei de ver que a caneta anunciada no ML, está sem a seta da ponta. Isso tira cerca de 40% do valor. Se a caneta anunciada estiver com o sistema de abastecimento pejudicado, a caneta ficou cara demais...