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A poucos minutos a norte de Domrémy-la-Pucelle, vila que que há 600 anos viu nascer Joana d´Arc, a virgem elevada a santa padroeira da França, as árvores que ladeiam a estrada escondem a saboaria do moinho (http://www.la-savonniere-du-moulin.com/).
O único sinal da existência desta está numa placa afixada no portão de acesso à quinta. Curiosamente e até aqui não se vislumbram nem os simpáticos equídeos, ícones desta saboaria nem o moinho que lhe dá o nome. Este advinha-se uma azenha pois desde Pagny-sur-Meuse que, paralelo à estrada corre seca uma ribeira.
A paisagem, bucólica e verdejante reveza-se entre campos de pastagem e de flores. Ao portão e após tocarmos à campainha somos alegremente saudados por um terrier velhote que cedo recolhe aos seus afazeres e um cão pastor que me parece australiano. Laurence, a dona sucede-os. Gentilmente aceita as minhas desculpas por me apresentar assim sem aviso prévio e prontamente nos convida para visitar a quinta.
No ar um aroma adocicado, subtil mas indelével revela-se como um prenúncio. A quinta por não ser grande torna-se acolhedora, o caminho à moradia é ladeado por curais. Logo à entrada à esquerda um lama contempla-nos de soslaio com aparente curiosidade, a seguir e também do lado direito vêem-se os primeiros burros. À nossa frente a moradia, construção adjacente à outrora azenha, ergue-se contigua ribeira, do seu lado uma arramada deixa adivinhar tempos idos. É aqui que se dá a ordenha das burras, trabalho moroso e artesanal. No fundo alguns fardos de palha. Uns quadros retirados das alças das colmeias ainda com restos de cera testemunham a existência de apicultura na quinta.
A total ausência de sacas de ração atesta o epíteto anunciado de que o leite é biológico. Existe uma preocupação com a sustentabilidade e qualidade que começa desde logo na alimentação dos animais e estende-se transversalmente a todas as etapas da produção. O mel usado, inclusivamente no sabão de barbear, provem das colmeias da quinta e é colhido pela Laurence e o seu filho. Alguns dos aromas utilizados são extraídos, também por eles, das flores recolhidas nas imediações.
Mas são os burros as estrelas da companhia. Estes, a um simples chamamento da dona, apressam-se a trotear para gáudio dos miúdos. Salvo erro são 17 excluindo um que está 1 mês de nascer. A alegria dos animais ao verem a dona é patente e a sua docilidade só encontra rival no cão que diligentemente está ocupado em ir buscar todos os tipos de objectos que o meu filho mais novo, habituado desde sempre a cães, insiste em atirar.
Com os mais velhos entretidos com os burros e o petiz com os cães e os coelhos, somos encaminhado para uma casa em madeira. No interior, as paredes forradas a prateleiras expõem tal variedade de produtos que sinceramente não estava à espera de encontrar. Bálsamos, champôs, cremes, loções e sabões, muitos sabões, em comum o facto de todos conterem leite de burra.
Expostos, alguns diplomas e licenças atestam as competências da Laurence e do seu filho Mathieu. A conversa recai sobre o sabão de barbear, elogio-lhe a fama conquistada no universo do BC e deixo um alerta às embalagens do mesmo. Para quem não sabe estas são constituídas por uma folha de madeira agravada e embora muito bonitas e rústicas tornam-se inúteis para carregar o pincel. Laurence confidencia-me que está a par dessas queixas e que ainda este mês conta receber saboneteiras em cerâmica.
Não obstante este pormenor, fica evidente na exposição, desde às embalagens aos prospectos, todo um cuidado posto no pormenor. O próprio sabonete de barbear assenta, na embalagem, numa lufa cuja função é permitir que o sabão respire.
Por fim já com as compras feitas despedimos não sem antes a Laurence me oferecer, à laia de brincadeira, uma cria de burro. Estes estão para venda e muito sinceramente não me importaria de ter trazido um pois são extremamente dóceis e brincalhões. Creio que o objectivo passa por, no futuro, dinamizar a saboaria potenciando uma maior interactividade com os burros.
Não sendo isto propriamente uma avaliação do sabão, (não o saberia fazer com a maestria devida), abstenho-me, até pelo preço, de recomendar ou não este sabão aos restantes companheiros. Posso vos no entanto dizer que o aroma é limpo e fresco, floral com um subtil toque adocicado. O que me agrada de sobremaneira é a ausência da pungência dos óleos essenciais. A espuma não vem célere mas uma vez feita é muito boa. Eu diria que o expoente será o deslize que de facto ressalta.
No final retive a dedicação, convicção e empreendedorismo desta mãe e filho.
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