Barbear Clássico
Café Central => Literatura => Topic started by: udrako on December 09, 2014, 01:53:03 am
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Nunca murmurei uma prece,
nem escondi os meus pecados.
Ignoro se existe uma Justiça, ou Misericórdia;
mas não desespero: sou um homem sincero.
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Olha com indulgência aqueles que se embriagam;
os teus defeitos não são menores.
Se queres paz e serenidade, lembra-te
da dor de tantos outros, e te julgarás feliz.
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Que o teu saber não humilhe o teu próximo.
Cuidado, não deixes que a ira te domine.
Se esperas a paz, sorri ao destino que te fere;
não firas ninguém.
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Busca a felicidade agora, nada sabes do amanhã.
Apanha um grande copo cheio de vinho,
senta-te ao luar, e pensa:
Talvez amanhã a lua me procure em vão.
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Não procures muitos amigos, nem busques prolongar
a simpatia que alguém te inspirou;
antes de apertares a mão que te estendem,
considera se um dia ela não se erguerá contra ti.
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Que pobre o coração que não sabe amar
e não conhece o delírio da paixão.
Se não amas, que sol pode te aquecer,
ou que lua te consolar?
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Além da Terra, pelo Infinito,
procurei, em vão, o Céu e o Inferno.
Depois uma voz me disse:
Céu e Inferno estão em ti.
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Não vamos falar agora, dá-me vinho. Nesta noite
a tua boca é a mais linda rosa, e me basta.
Dá-me vinho, e que seja vermelho como os teus lábios;
o meu remorso será leve como os teus cabelos.
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É inútil te afligires por teres pecado;
também é inútil a tua contrição:
além da morte estará o Nada,
ou a Misericórdia.
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Ninguém desvendará o Mistério. Nunca saberemos
o que se oculta por trás das aparências.
As nossas moradas são provisórias, menos aquela última.
Não vamos falar, toma o teu vinho.
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Obrigado pela lembrança de El Khayyam!
Samarcanda de Amin Maalouf é um livro fantástico!
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Obrigado pela lembrança de El Khayyam!
Samarcanda de Amin Maalouf é um livro fantástico!
Oh sim :)
Samarcanda é um excelente livro.
Já lestes dele também As Cruzadas vistas pelos Árabes?
Muito boa visão.
Afinal é a história vista do outro lado :)
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Lindos, profundos...
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Oh sim :)
Samarcanda é um excelente livro.
Já lestes dele também As Cruzadas vistas pelos Árabes?
Muito boa visão.
Afinal é a história vista do outro lado :)
Ainda não. A dada altura estava na minha lista de futuras leituras, mas nunca se concretizou. Dele li "Os Jardins de Luz". Bom também, mas gostei mais de Samarcanda.
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Ainda não. A dada altura estava na minha lista de futuras leituras, mas nunca se concretizou. Dele li "Os Jardins de Luz". Bom também, mas gostei mais de Samarcanda.
Então vale a pena ler As Cruzadas vistas pelos Árabes.
O estilo meio que "reportagem" dele neste livro me lembrou Ryszard Kapuściński em seus livros.
Os confrades já leram algo dele?
Aconselho deste polonês os seguintes:
O imperador.
Ébano, minha vida na Africa.
Imperium.
A guerra do futebol.
São bem instigantes. Sérios, dramáticos e cômicos ao mesmo tempo.
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Lindos, profundos...
Já assistiram o filme The Keeper: The Legend of Omar Khayyam?
http://www.imdb.com/title/tt0294806/
Muito bom :)
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Não assisti ainda!
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Já li "As Cruzadas vistas pelos Árabes" sim e é um belo livro, não há dúvida.Foi "best-seller" na altura e hoje é considerado um clássico do género.
A descrição que faz dos Francos chegados ao Médio-Oriente, debaixo de grossas couraças e que só tomavam banho uma vez por ano pela Páscoa e "não se distinguia o cheiro do Infiel do do cavalo" :D
Na mesma linha, de inspiração árabe, recomendaria "As Viagens de Ibn-Battuta" ;)
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Já li "As Cruzadas vistas pelos Árabes" sim e é um belo livro, não há dúvida.Foi "best-seller" na altura e hoje é considerado um clássico do género.
A descrição que faz dos Francos chegados ao Médio-Oriente, debaixo de grossas couraças e que só tomavam banho uma vez por ano pela Páscoa e "não se distinguia o cheiro do Infiel do do cavalo" :D
Na mesma linha, de inspiração árabe, recomendaria "As Viagens de Ibn-Battuta" ;)
Isso me lembra as crônicas de Ousama Ibn Mounkidh - nascido em 1095 - quando ele descreve a cena do escanhoado do guerreiro franco. Vou ver se digitalizo e posto o texto aqui.
Bem interessante :)
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Eis aqui o texto do escanhoado :)
Como se pode ser a um tempo um bravo guerreiro e um marido complacente
Mas, muito mais do que esses divertimentos mais delicados, o que choca profundamente Ousama é a liberdade dos costumes francos, o que não quer dizer necessariamente seu desregramento, mas antes a sua simplicidade sem complexos.
Donde sua reprovação diante da liberdade de maneiras, da coquetterie e dos desvios dos cristãos e, sobretudo, diante da tolerância excessiva dos Francos a esse respeito, como a, ausência, entre eles, de todo sentimento de ciúme.
Para justificar o rigor de seu julgamento, Ousama conta o seguinte fato:
"Tínhamos entre nós um banhista chamado Salim, originário de Ma'arrat an'No'man, empregado ao serviço de meu pai (que Alá o tenha em sua piedade!. Salim um dia nos disse:
- Eu tinha instalado banhos em Ma'arrat an'No'man, para viver disso. Um cavaleiro dos Francos entrou. Ora, eles têm aversão por nosso costume de usar no banho o calção apertado na cintura. Meu cliente estendeu a mão, puxou meu calção e jogou-o para um lado. Então ele me viu. Ora, eu havia pouco tempo antes raspado os pelos de meu púbis.
Ele gritou: - Salim!
Acerquei-me. Estendeu a mão sobre meu púbis e disse:
- Salim está magnífico! Pela verdade de minha religião, faça o mesmo comigo!
Estirou-se de costas e a parte do corpo em questão era nele semelhante à sua barba.
Raspei-lhe aquela região. Passando a mão pelo lugar, verificou que a pele tinha ficado lisinha.
Disse-me então: Ó, Salim, por sua religião, eu lhe suplico, faça a mesma operação com minha dama.
Ora, na língua deles, a dama é a esposa. É na mulher que estava pensando. Mandou um dos servos avisar a dama para que viesse. O servo foi até ela, trouxe-a consigo e fê-la entrar. Ela, por sua vez, estendeu-se de costas e o cavaleiro repetiu:
- Faça com ela o que fez comigo.
Rapei-lhe os mesmos pelos, enquanto o marido sentado me via agir. Por fim me agradeceu e em seguida pagou-me a recompensa devida pelo meu trabalho."
Depois de ter reproduzido o relato do banhista, Ousama toma a palavra por sua conta: "Considerem", diz ele, "essa contradição absoluta. Eis homens sem ciúme e sem um pingo de honra e de cuidado que se deve ter em evitar qualquer desdouro à própria reputação."
E Ousama concluiu com tristeza: "Alá, em sua grande generosidade, deu-me os meios para compreender muitas coisas e decifrar muitos mistérios. Entretanto, apesar de todos os meus esforços, não consigo resolver essa contradição: como se pode ser ao mesmo tempo um bravo guerreiro e um marido complacente?"
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Não assisti ainda!
Opa, vou ver se o tenho legendado, e disponibilizo em MP4 :)
Coleciono filmes do gênero e filmes antigos e outros :)
Tenho atualmente 529 filmes que procurei como arqueologo rs rs.
Humor negro, comédia, históricos, etc.
Os mais antigos por volta de 1916, com Chaplin, até os mais recentes como Admiral, que fala sobre o Alm. Kolchak, que em tese foi o último Czar russo. Muito bom filme.
Grande parte eu ja deixo gravado em MP4 para disponibilizar a amigos que gostem de coisinhas assim difíceis de se encontrar. rs
Estou a legendar atualmente o Barba Azul com Richard Burton, aqui com excelente qualidade e sem cortes :)
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Interessante, ultimamente ando a revisitar os clássicos da comédia muda e o expressionismo alemão. Se tiver alguma sugestão obscura agradeço :)
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Olá FML vou dar uma olhada na listagem que tenho e te digo o que tenho :)
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Interessante, ultimamente ando a revisitar os clássicos da comédia muda e o expressionismo alemão. Se tiver alguma sugestão obscura agradeço :)
Hmmm, eu estava a ver e do expressionismo alemão os únicos filmes que consegui encontrar - inclusive retirei do youtube - foi o Nosferatu, Gabinete do Dr. Caligari, Metrópolis e O Golem.
Porém há estes que não consegui apanhar ainda:
Die Schlange der Leidenschaft (1918, Regie: Jakob und Luise Fleck)
Von morgens bis mitternachts (1920, Regie: Karlheinz Martin)
Genuine (1920, Regie: Robert Wiene)
Der müde Tod (1921, Regie: Fritz Lang)
Die Bergkatze (1921, Regie: Ernst Lubitsch - Expressionismusparodie)
Dr. Mabuse, der Spieler (1922, Regie: Fritz Lang)
Vanina (1922, Regie: Arthur von Gerlach)
Phantom (1922, Regie: Friedrich Wilhelm Murnau)
Schatten (1923, Regie: Arthur Robison)
Raskolnikow (1923, Regie: Robert Wiene)
Die Straße (1923, Regie: Karl Grune)
Aelita (1924, Regie: Jakow Protasanow)
Orlac’s Hände (1924, Regie: Robert Wiene)
Die Stadt ohne Juden (1924, Regie: Hans Karl Breslauer)
Das Wachsfigurenkabinett (1924, Regie: Paul Leni)
Der letzte Mann (1924, Regie: Friedrich Wilhelm Murnau)
Zur Chronik von Grieshuus (1925, Regie: Arthur von Gerlach)
Faust - eine deutsche Volkssage (1926, Regie: Friedrich Wilhelm Murnau)
Der Mantel (1926, Regie: Grigori Kosinzew und Leonid Trauberg)
Por falta de uma conexão decente de internet :)
E quanto aos classicos de comedia muda, Harold Loyd era muito bom mesmo.
Estou em busca dos filmes de Max Linder. muito infame o cidadão heheheh
http://www.youtube.com/watch?v=pRZwvMaXAD4
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Obrigado pelas dicas, não conheço vários. Alguns da listagem encontram-se no Youtube.
Os filmes que tem são provavelmente os mais famosos do expressionismo alemão. Eu considero o Nosferatu um dos melhores filmes de terror e de vampiros de todos os tempos, já o Metrópolis, não negando as repercussões do mesmo, considero-o overrated em alguns aspetos.
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Obrigado pelas dicas, não conheço vários. Alguns da listagem encontram-se no Youtube.
Os filmes que tem são provavelmente os mais famosos do expressionismo alemão. Eu considero o Nosferatu um dos melhores filmes de terror e de vampiros de todos os tempos, já o Metrópolis, não negando as repercussões do mesmo, considero-o overrated em alguns aspetos.
É interessante, mas achei o filme Shadow of the Vampire (Uma versão do Nosferatu, com o Dafoe) Uma releitura interessante, foge um pouco do contexto do filme original, mas deu uma tinta ao mesmo :)
Não cheguei a assistir com a versão do mesmo com Kinski.
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Ainda não consegui ver a versão com o Dafoe, mas o conceito é muito bom. É daqueles filmes que está em lista para ver assim que possível.
A versão com o Klaus Kinski também é bastante boa, principalmente o desfecho, mas quem viu o original (e gosta) pode sentir-se defraudado pela personagem de Kinski. O Nosferatu aparece débil e até inspira alguma compaixão, diferente da maldade extrema do conde Orlok original.