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Um guia para o barbear (por FML)

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FML:
Nota Introdutória

No escanhoado do dia levantou-se alguma curiosidade e ceticismo depois de ter revelado que uma única lâmina me tinha durado 35 escanhoados. Depois de ver as reações que tal afirmação despoletou, resolvi descrever, na medida do possível, o estado da arte que me permite tal proeza. Espero desta forma contribuir em algo para os frequentadores deste fórum e também aprender algo com as vossas experiências e opiniões. Ciente de que este texto vai gerar controvérsia, peço-lhes que critiquem, mas que respeitem, afinal levou-me tempo e trabalho redigir este texto e com ele não pretendo arrogar superioridade, ofender ou estabelecer verdades absolutas.


Introdução

Pelos relatos que tenho colhido, comigo as lâminas duram bem mais do que com os restantes confrades. Duram o mesmo que era anunciado nas lâminas antigas. Estimo que as lâminas durem entre 15 barbas com lâminas mais fracas como as Croma Diamant e perto de 60 barbas com Gillette Platinum ou Silver Blue.

Confesso que a minha barba também deve ajudar, porque não é muito densa, mas o que interessa para aqui é a técnica, pois com uma técnica fraca, quando ainda era iniciante, as lâminas duravam o mesmo ou menos que aos restantes confrades.

O apurar da técnica nunca teve como objetivo uma maior duração das lâminas, esta foi apenas uma consequência. As lâminas durarem muito é bom para a carteira, mas é uma chatice para quem gosta de experimentar. Com uma média de 15 lâminas por ano ainda não experimentei grande variedade  e devo estar perto de um stock de lâminas que me vai durar a vida inteira.

De momento, sinto-me capaz de usar qualquer lâmina sem que ela me magoe ou arranhe, friso, que não doa barbear com a lâmina, porque cortes aparecem sempre um ou outro de vez em quando. Dito isto, a lâmina somente é descartada quando deixa de realizar um bom barbear em cinco passagens (sendo a última geralmente de retoques).


A Técnica

Aquilo que toda a gente sabe ou devia saber:

Para um bom barbear é necessário amolecer o pelo mas não a pele, protegendo-a o máximo possível da agressão da lâmina.

Neste campo importa o uso de bons produtos, ser pródigo nas quantidades e usar aqueles que melhor se adaptam à pele de cada um. Falo dos produtos para preparar a pele (os ditos pré) e dos produtos usados durante o barbear, o creme ou o sabão.

Não considero o pré essencial, mas é sempre uma mais valia, principalmente quando a pele está sensibilizada ou o creme/sabão não é dos melhores em proteção ou deslize.

De sobeja importância é o pincel que aplica estes produtos. Um pincel demasiado firme ou áspero vai agredir previamente a pele que, posteriormente, vai tolerar menos agressão por parte da lâmina.

De não menos importância é a temperatura da água e o tempo com que ela está em contacto com o pelo e a pele. Se, por um lado, queremos a água o mais quente e o maior tempo possíveis no pelo para o amolecer e facilitar o corte, por outro, vamos querer o inverso na pele de forma a não a tornar demasiado fácil de penetrar pela lâmina, gerando cortes e assaduras. O ponto de equilíbrio nem sempre é fácil de encontrar e varia consoante o estado da pele naquele momento.

Por vezes, amolecer os pelos é contraproducente. Sucede que os mesmos podem ficar tão elásticos que a lâmina parece ter dificuldade em os apanhar.

Para quando a pele está sensibilizada, evitar tomar banho antes do barbear e o uso de água fria são duas mais valias. A água fria opera milagres na acalmia das assaduras, no estancamento de sangue, resulta bem no controle do rubor para quem tem essa tendência e entesa a pele.

O uso de produtos com mentol também tem um efeito semelhante ao produzido pela água fria e pode ser usado para potenciar os seus efeitos ou mesmo jogar com a temperatura da água. Todavia o mentol pode tornar-se doloroso quando a pele está bastante agredida.


Conhecer o Rosto

É muito importante conhecer o rosto, conhecer tanto as suas zonas planas como as curvas e gastar um bom tempo a estudar a melhor maneira de aplainar as curvas. Pois daí vai advir um melhor barbear, com menos cortes e menos irritação.

Conhecer o pelo é fundamental, a forma como ele cresce no rosto vai ditar as regras de ataque da lâmina. Como tal, é boa ideia deixar crescer a barba e analisar bem a direção em que o pelo cresce e a sua inclinação.

Devem-se procurar maneiras de aplainar a pele de forma a que o pelo fique o mais perpendicular possível com o rosto. Desta maneira, a lâmina apanha melhor o pelo e irrita menos.


A Rosa dos Ventos

É comum identificar o sentido de passagem da máquina/lâmina com os pontos cardeais.

Uma das formas, será simular que o pelo cresce de norte para sul (N-S). Assim, fazer uma passagem de norte para sul (N-S) será barbear-se a favor do pelo, de sul para norte (S-N) será contra o pelo, de este para oeste (E-O) ou vice versa (O-E) será perpendicular ao crescimento do pelo.

Qualquer passagem que começar em qualquer dos quadrantes Norte considera-se a favor do pelo, e as que começam nos quadrantes sul consideram-se a contrapelo.



Convém ter esta analogia bem presente para entender o que se segue.


O Barbear.

Um correto acondicionamento e hidratação da pele e do pelo, a espuma de qualidade aplicada à cara e estamos prontos para desbastar o pelo com a lâmina.


Fazer a barba contra o sentido do crescimento do pelo (S-N)

Fazer a barba contra o sentido do seu crescimento é a melhor forma de obter um apurado fenomenal ou mesmo BBS.

Com uma lâmina nova e afiada, desde que não haja muita flexão da mesma, é possível atacar o pelo diretamente contra o sentido do seu crescimento sem haver desconforto. Todavia, essa não é a regra, por isso deixamos o contra pelo para o fim ou nem o fazemos por ser demasiado agressivo para a pele.

Este procedimento de ir contra o sentido do crescimento do pelo é, via de regra, aquele que nos permite alcançar o apurado que pretendemos, no entanto, altamente desaconselhável e que leva o senso comum e alguns médicos a aconselharem o fazer a barba somente no sentido do pelo. Estes conselhos não nos servem e felizmente não terá que ser assim.


Prolegómenos

Quantos menos pelos tivermos de cortar contra o sentido do pelo (S-N) menos agressão vamos fazer à pele, pois a lâmina vai deslizar livremente sobre a pele, encontrando uma ou outra resistência que será eliminada prontamente.

A união faz a força, se existirem muitos pelos unidos, a lâmina vai encontrar resistência e desviar caminho. Como o pelo realiza um ângulo agudo com a lâmina, a lâmina vai ter a tendência a desviar em direção à pele enterrando-se na mesma. Para piorar o cenário, como os pelos unidos oferecem mais resistência, será precisa mais força para a lâmina vencer os pelos, pelo que a lâmina ainda se enterrará mais na pele.



É boa ideia esticar a pele de forma a que o pelo fique perpendicular à mesma para evitar que a lâmina desvie em direção à pele.

Quando se faz a barba no sentido do crescimento do pelo (N-S), o pelo realiza um ângulo obtuso com a lâmina que terá tendência a desviar no sentido contrário à pele, isto é, saltar sobre o pelo. Situação que se não for acompanhada por excessiva pressão da lâmina contra o rosto, é bem mais benigna para a pele que o contrapelo (S-N).



Da mesma forma, se a pele for esticada de forma a colocar o pelo na perpendicular, a lâmina vai saltar menos e realizar um corte mais “limpo” sem tanta pressão.

A controvérsia:

Mais passagens é sempre melhor que menos.

Por mais que se estique a pele, é impossível encontrar um ângulo ótimo entre a lâmina e o pelo. A favor do pelo haverá sempre a tendência a saltar e no contrapelo a tendência a enterrar-se na pele.

Nem tanto ao mar nem tanto à terra, tudo é uma questão de compromisso, nem se quer que a lâmina ande a saltar sem cortar, nem que a mesma desbaste excessivamente a pele, mas tanto uma situação como outra nos convêm por razões diferentes.

Como fazer passagens a favor do pelo é mais benigno para a pele, quando o pelo é muito, há que respeitar o sentido do pelo (N-S) e ir reduzindo o pelo aos poucos através de várias passagens. Quando o pelo já é pouco então passaremos para o contrapelo (S-N) para que a lâmina corte mais profundamente os pelos e apanhe os mais rebeldes.

Claro que, mesmo fazendo a barba a favor do pelo (N-S), a pele é agredida e cada um terá um limite de passagens que poderá fazer até que a pele se ressinta (que varia com a acutilância da lâmina, a máquina e a pressão).

Convém conhecer este limite, pois quantas mais passagens de desbaste a favor do pelo se conseguirem fazer mais fácil e eficiente se torna o contrapelo.

Pessoalmente, o meu limite encontra-se entre as 3 e 6 passagens dependendo se a lâmina está mais afiada ou não, a máquina é mais ou menos agressiva e o estado da pele.


Nota: As passagens devem ser consistentes, como se estivessem a limpar a espuma da cara, sem sobrepor passagens nem retocar como uma galinha a debicar o grão. Os retoques deixem-nos para o fim, é sempre fácil engrenar no modo desbastar o máximo de pelo possível através de múltiplas micro sobrepassagens, que deve ser evitado pois só deteriora a técnica e causa irritação.


Suavidade é sempre melhor que agressividade

Agressividade é agredir algo ou atacar. Se um conjunto de barbear (máquina e lâmina) for mais agressivo que outro significa que ele vai atacar mais o pelo mas também mais a pele.

Dito isto, agressividade somente na medida do estritamente necessário para encontrar o apurado que nos convém.

Esta premissa vai encadear na anterior, para chegar ao mesmo resultado mais vale mais passagens suaves do que uma passagem super agressiva.


Como se obtém um barbear suave e ao mesmo tempo se prolonga a vida da lâmina

Assumamos todas as outras variáveis fixas e centremos-nos no ataque do pelo. O objetivo é evitar que a lâmina desvie em direção à pele.

No inicio do barbear, o pelo será basto e resistirá bastante à ação da lâmina. A melhor maneira e mais suave para a primeira abordagem será uma passagem a favor do crescimento do pelo (N-S), evitando que a lâmina se enterre na pele e ao mesmo tempo desbastando grande parte do pelo.

Uma vez o pelo desbastado pode-se ir aumentando a agressividade gradualmente em direção ao contrapelo (S-N), pois menos pelo significa menos resistência à lâmina e menos resistência à lamina implica que ela desvia menos.

Assim, se atentarmos a rosa do crescimento do pelo, depois de desbastarmos o primeiro pelo (N-S) e na medida do pelo desbastado, vamos descendo na rosa até alcançar, de uma maneira suave, o contrapelo (S-N). Quanto mais descermos na rosa, mais agressivo se vai tornar o barbear por isso há que ir eliminado o pelo para compensar.

Por exemplo, fazemos a primeira passagem a favor do pelo (N-S), a segunda numa diagonal próxima da perpendicularidade respeitando o crescimento do pelo (NO/O-SE/E ou NE/E-SO/O),  uma terceira numa diagonal inversa à anterior, isto é, ligeiramente a contrepelo  (SE/E-NO/O ou SO/O-NE/E) e por último uma passagem a contrapelo (S-N).

A este exemplo podem ser adicionadas passagens ou retiradas consoante a necessidade de cada um e do conjunto máquina lâmina. Por exemplo, pode haver pessoas que não toleram o contrapelo. Esses podem fazer uma segunda passagem diagonal a favor do pelo, uma terceira perpendicular ao pelo e parar na diagonal a contrapelo. Outros, menos sensíveis, podem fazer uma segunda passagem perpendicular ao pelo e as restantes na zona do contrapelo. Cada um terá de encontrar o seu ótimo que pode variar em função da agressividade do conjunto máquina/lâmina e desgaste da lâmina. Com efeito, uma lâmina mais gasta vai exigir mais passagens suaves para desbastar pelo antes de permitir o contrapelo.


A máquina que se usa influencia a durabilidade da lâmina

Utilizando uma máquina suave, a favor do pelo ou perpendicularmente, pode-se contrariar o saltar de uma lâmina mais gasta exercendo alguma pressão e força sem que isso irrite a pele. Este procedimento é capaz de desbastar o pelo necessário a realizar passagens no contrapelo sem irritação e com bons resultados.

Por outro lado, se a máquina for agressiva demais, a pressão necessária vai ferir a pele e a falta de pressão vai fazer com que a lâmina salte e não corte o pelo ou até fira a pele quando entra de novo em contacto com a pele.

Se a máquina usada for suave e eficiente no corte do pelo tanto melhor, a lâmina vai durar mais ainda, pois salta menos. A máquina é mais ou menos eficiente em função do ângulo de corte, isto é, da maneira como posiciona a lâmina de encontro à cara e ao pelo. Algumas máquinas são reconhecidamente mais eficientes que outras, a Rotbart, a Merkur Progress e as slants são exemplos de maquinas eficientes.

Portanto, usando uma máquina agressiva a lâmina dura menos, usando uma máquina suave a lâmina dura mais e numa slant dura mais ainda.


As máquinas ajustáveis

As máquinas ajustáveis são uma maravilha pois têm uma capacidade de adaptação elevada ao desgaste da lâmina e sensibilidade da pele. Uma máquina ajustável vai ficar mais suave ou mais agressiva conforme se necessite.



Existem basicamente três teorias de uso de máquinas ajustáveis:

- Aumentar a agressividade a cada passagem;
- Diminuir a agressividade a cada passagem; e
- Encontrar o set ótimo e não alterar durante todo o barbear.

Na minha humilde opinião nenhum deles está certo e a adoção de um em detrimento de outro faz mais sentido se for visto em conjunto com a técnica empregada.

Por exemplo, se o utilizador realizar somente passagens a favor do pelo, faz sentido que aumente a agressividade a cada passagem para cortar o pelo o mais rente possível. A primeira passagem será de desbaste, a segunda desbastará o pelo que falta e apura e uma terceira praticamente só apuraria. Se passarmos para o contrapelo este método deixa de fazer sentido por a máquina ficar extremamente agressiva (a não ser que não subsista praticamente pelo e a lâmina esteja bem afiada).

Quem advoga a diminuição de agressividade, tenta desbastar o máximo de pelo nas primeiras passagens e reduz a agressividade para que a lâmina não fira a pele. Em termos de apurado esta técnica não faz sentido, principalmente se as passagens forem todas a favor do pelo. Menos agressividade, em teoria, proporcionará um corte menos rente. Parece que este método premeia a velocidade do escanhoado em detrimento do apurado e está sempre próximo do limite de resistência da pele.

Manter o set em todas as passagens é ótimo para quem se inicia e não só, pois leva a um barbear bastante consistente. Afinal, a maioria das maquinas não é ajustável e desempenha o seu papel perfeitamente. A máquina ajustável permite um ajuste fino à barba e pele de cada um, porque não usá-la como uma máquina normal depois de encontrar o set que nos convém!? Seria como um fato/terno feito à medida.

Posto isto, parece que a teoria de manter a agressividade pelo decorrer do escanhoado é a mais indicada. Em termos de rapidez de desbaste do pelo e apurado encontra-se algures entre o método de aumento de agressividade (mais longo e mais apurado) e o método de redução de agressividade (mais rápido e menos apurado). Para além disso, tem o condão de se manter dentro dos limites de resistência da pele e de conforto. Limites esses que no método de redução se encontram sempre na corda bamba e no método de aumento perigam ser ultrapassados nas passagens mais agressivas.

Para a técnica que proponho, resulta bem uma mitigação destes três métodos de uso de máquinas ajustáveis, afinal todos eles têm caraterísticas que nos convêm.

Para começar há que descobrir o set de agressividade ótimo (que dependerá do estado da pele e lâmina/desgaste) e mantermo-nos neste set. Usando a técnica descrita acima, este método já resultaria em um muito bom barbeado, mas pode ser melhorado.

Este set fixo será invariavelmente um equilíbrio que se demonstrará demasiado suave na zona a favor do pelo e demasiado agressivo na zona do contrapelo. Pelo que, para obter melhores resultados e passagens mais confortáveis, convém aumentar a agressividade da máquina nas passagens menos agressivas e diminuir a agressividade da máquina nas mais agressivas.

Como começamos a atacar a barba de passagens inerentemente menos agressivas para mais agressivas, o método usado será o de diminuição de agressividade da máquina a cada passagem. O  set fixo será encontrado algures entre o meio do barbear e o seu fim e as regulações, quer para cima quer para baixo não se irão afastar muito deste.

Resta o método de aumentar a agressividade a cada passagem que parece não ter lugar neste procedimento, mas tem, apesar de ser facultativo e não poder considerar-se que tenha lugar numa verdadeira passagem. O aumento acentuado da agressividade, serve-nos bem para a última passagem, isto é, para os retoques. Quando vamos fazer os retoques, o pelo praticamente já se foi todo e apenas subsiste um ou outro local mais difícil que beneficia grandemente de um ataque bem agressivo, cauteloso e localizado, que se for bem realizado não vai gerar irritação.

FML:

Movimentos complexos

Existem maneiras de atacar o pelo de uma forma mais confortável ou eficiente que implicam um manuseio especial da máquina. São três os movimentos que recomendo usar com esta técnica e os mesmos não podem ser usados com máquinas slant, exceto o 3º.

O que se pretende fazer com os dois primeiros movimentos é tornar uma máquina normal numa slant. Uma máquina slant tem o reconhecido efeito de atacar o pelo como se fosse uma guilhotina, ou seja, realiza um corte diagonal que é mais eficaz que o reto.




1º movimento – posicionamento da lâmina em ângulo oblíquo à direção da passagem.



Em vez de colocar a lâmina num plano perpendicular ao sentido da passagem, a mesma fará um pequeno ângulo em relação à perpendicular. Quanto maior o ângulo, maior será o efeito, no entanto não aconselho ângulos superiores a 45º pois o risco de corte é elevado. Apesar disso, uso frequentemente, sem problemas, ângulos próximos de 60º no bigode a contrapelo. A prática leva a ângulos mais acentuados sem cortes.

Este movimento resulta bem quando efetuado a favor do pelo mas onde brilha é no contrapelo, tornando o mesmo muito mais confortável e eficiente. Por outro lado, quando utilizado em máquinas de pente aberto cria um efeito similar ao obtido nas máquinas de guarda sólida, pois os dentes esticam a pele.


2º movimento -  corte oblíquo



A melhor forma de compreender este movimento é pensar que, por cada milímetro ou centímetro que a lâmina se desloca na direção da passagem, ocorre igual deslocamento para a direita ou para a esquerda, realizando-se, assim, uma passagem diagonal. O mesmo é dizer que a lâmina se desloca pelo rosto em diagonal (45º) e não a direito (90º) como normalmente fazemos. Uma diagonal que forme 45º com a lâmina tem um bom ângulo, mas nada impede que sejam usados outros ângulos desde que não sejam demasiado baixos para não ocorrerem cortes.

Este movimento funciona bem a favor do pelo, substituindo a primeira passagem (N-S), ou usado em substituição de uma diagonal na zona a favor do pelo. Em semelhança ao movimento anterior, quando este é utilizado em máquinas de pente aberto, cria um efeito similar ao obtido nas máquinas de guarda sólida, pois os dentes esticam a pele.


3º movimento – arrastar para a frente e para trás



Este movimento permite que a lâmina, numa só passagem, corte pelo menos duas vezes o mesmo local, autolubrificando os cortes subsequentes. Este movimento consiste em passar a lâmina para a frente e para trás sem desencostar a mesma do rosto. Desta forma, depois do corte inicial, a máquina deixa um pequeno filme de espuma no movimento para trás que vai ser aproveitado no corte seguinte. A passagem efetua-se progredindo mais para a frente do que se recua, em geral, para cortar duas vezes o mesmo local, recua-se metade do que se avançou. Quanto menor o diferença entre o que se avança e se recua, mais vezes se corta no mesmo local.

Este movimento pode ser usado em conjunto com os anteriores mas exige um bom domínio de todos. Resulta bem em qualquer passagem, mas é mais indicado para fazer retoques ou desbastar barba grande.


Finalizar

Para finalizar, nada como aplicar água fria em abundância sobre o rosto para fechar os poros e acalmar a pele, seguidamente pode usar-se pedra hemostática e/ou usar a espuma que resta e aplicá-la na cara com as mãos para proporcionar uma sensação de acalmia da pele (por vezes um efeito hemostático)  e hidratar a pele.

Com o rosto já limpo, será bom aplicar algum bálsamo ou loção de boa qualidade para protegerem e regenerarem a pele para as próximas agressões.

Complementarmente, apesar de não estar relacionado diretamente com o barbear, a pele também agradece a aplicação de cremes hidratantes e protetores solares.

Nota: a água fria ajuda a estancar hemorragias mas não ajuda a cicatrização, havendo mesmo quem defenda que a água fria atrasa o processo de formação da cicatriz.

JLTG:
Belo apanhado geral mas ainda não explica a extrema durabilidade das lâminas. Eu uso todas as técnicas descritas e consigo que uma lâmina dure no máximo 6 vezes (com 4 passagens). E a última vez é muito aquém da primeira! Infelizmente, falta algo na equação!

Caramelo:
 Não li, mas vi (por alto) muito trabalho, com mais calma depois leio o tópico...

Razoredge:
Muito bom review,  e especialmente muito  empenho e dedicação ao nos explicar como usa as suas máquinas e quais as suas técnicas.

No geral concordo em quase tudo que nos explicou, e quanto à duração das lâminas, como dizia o confrade JL, para mim deu-me mais umas dicas a experimentar, mas não acredito que comigo vá aumentar em muito a vida útil das minhas lâminas.
Só posso concluir que além das boas técnicas que tem usado, a duração de uma lâmina depende também da sensibilidade cutânea de cada um, e dos padrões de qualidade de cada um.
O que para mim já é uma lâmina para o lixo, para outro ainda daria para Muito mais barbas.

Mas vejo nas suas técnicas um bom conjunto de medidas para um excelente escanhoado...

Dou-lhe sinceramente os meus parabéns pelo seu empenho e trabalho a que se dedicou em prol da nossa comunidade, e fico-lhe muito grato por isso.

Confrade FML,  fez uma excelente apresentação. ;)

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