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Repúdio - Shakespeare

(1/1)

udrako:
Podes-me repudiar, então, quando quiseres;
agora mesmo, quando o mundo me crucia.

À cólera da sorte aliado, se o preferes,
apressa-te a ensejar-me a fatal agonia.

Ah! se o meu coração vencer tal crueldade,
não venhas mitigar a angústia em que me fine.

Não abrandes a fúria atroz da tempestade,
deixa que o ideado mal de todo me arruíne.

Se me hás de repudiar, repito, seja logo,
não depois que eu tiver outros males passado.

Assalta-me de pronto e já; assim, me afogo,
primeiro, na pior dor que pode dar-me o fado,
e outras dores que, após, me encham o coração,
tendo-te perdido eu, nem dores mais serão.

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