Antes de mais deixem-me ressalvar que isto não é uma avaliação pelo que não haverá pontuação.
È acima de tudo algumas considerações pessoais.
Trata-se de uma máquina que comprei em finais de Abril. Custou a módica quantia de 11€ posta em casa e tem como principal característica o facto de poder funcionar com 2 laminas.
Conforme as especificações do vendedor é uma máquina de 3 peças construída em plástico ABS, aço e alumínio. Na realidade é uma máquina de 4 peças uma vez que para se poder utilizar na configuração de dupla lâmina é fornecido um espaçador. Tem um peso total que ronda as 28 grs.
O cabo de alumínio é singelo, sendo no entanto, surpreendentemente, isento de imperfeições e bastante bem conseguido no que á pega respeita.
O baseplate é de plástico ABS. A versão que adquiri apresenta um lado com guarda e o outro com pente aberto. Existe também uma versão de baseplate em que ambos os lados têm guarda. A minha preocupação aqui residia no facto de poder haver uma deformação estrutural provocada pela água quente. Preocupação essa que se revela infundada uma vez que a tolerância do mesmo vai até aos 50°C.
O top plate é de alumínio. Importa aqui referir que a fixação da rosca ao dito não inspira propriamente confiança. No entanto, esta é compatível com o cabo da EJ ou Maggard por exemplo.
O espaçador é de aço e tem como única função criar o espaçamento entre as lâminas.
Funciona quer com uma lâmina quer com duas. Independentemente da configuração, o lado aberto é mais agressivo que o seu vizinho guardado.
O processo de carregar as lâminas é caótico, chateia! Não só temos que partir uma das lâminas ao meio como ainda temos que a alinhar de uma forma que, eufemísticamente, chamaria de circense.
Como é apanágio das máquina ML, o processo de limpeza pós barba deixa muito a desejar. Pessoalmente gosto de, após cada escanhoado, abrir a maquina e passa-la por agua corrente a fim de remover todo o resíduo barbistico. Com esta senhora isso é impensável porque obrigaria a repetir todo o processo do alinhamento das lâminas.
A máquina não é robusta, visualmente não cativa, os materiais são fraquinhos e padece de um incontornável défice de “user friendly”.
A pergunta que se impõe é invariavelmente se a recomendo?
Não, não recomendo.
Não recomendo por tudo o que atrás expus. Se gostas de produtos high-end, de sentires na mão o peso da qualidade e o prestígio da marca, se gostas de máquinas bonitas e funcionais, eficazes mas simples, máquinas com provas dadas. Intemporais… Foge como o diabo da cruz.
Por outro lado se és do tipo “deixa ver o que isto dá” então arrisca. No limiar pode ser que te aconteça o que me aconteceu a mim (…)
(…) que só faz um mês que não a largo. Estou fascinado, mais, enfeitiçado!
Mas porque?
Sei lá! Por tudo o que atrás expus?
Por ser literalmente o patinho feio do BC? O underdog do wetshaving?
Esta é a estrela dançante de Nietzsche. Não viesse ela própria do caos.
Porque ao fim ao cabo os pormenores estão lá todos. O gap no lado aberto, o alinhamento quase perfeito no lado fechado. A dualidade agressivo/suave, intencional e útil estão bem patentes. Vê-se na geometria do cabeçal a intencionalidade de ser assim mesmo.
Isto numa máquina feita de plástico e alumínio é por si só um feito de engenharia a merecer destaque. Mas também a sua extrema eficácia sem cair no agressivo, o barulho da barba a ser cortada que é algo que me agrada bastante. Enfim…
A versatilidade de poder ser usada com uma ou duas lâminas.
Duas lâminas iguais ou duas lâminas diferentes?
A de cima mais agressiva e a debaixo mais suave? Ou Vice-versa?
Estão a ver as possibilidades?
Não é, no entanto uma máquina para iniciados. Não é para apressados e certamente não será para desajeitados.
Tem-se revelado uma pequena cornucópia de prazeres barbisticos. Pessoalmente tem me dado bastante gozo usar. Pelo que se me perguntarem se a compararia novamente, a resposta só pode ser:
Sim! Num ápice.
Por fim permitam-me um off topic.
Quando eu era puto, um tio meu ofereceu ao meu pai um carreto “Rocha”. O carreto “Rocha” era feito por um seu vizinho e colega metalúrgico na Lisnave: O Sr. Rocha. Estes carretos, feitos numa pequena oficina, eram míticos e ambicionados por todo o pescador que se prezasse.
Eu consigo ver nesta máquina um pouco dessa tenacidade. Gosto de pensar que alguém na Rússia, um empreendedor, se deu ao trabalho e ao engenho de conceptualizar e produzir uma máquina que não sendo fenomenal é no mínimo, assaz interessante.
Por fim,
Uma boa avaliação
aquiO vendedor
aqui