Avaliação do sabão Fitjar Villmann
1. FormulaçãoIngredientes que apareciam no site da Fitjar para a recarga deste sabão antes de cessar produção:
Sodium stearate; Glycerine; Potassium stearate; Potassium cocoate; Olea europea; Sodium laureth sulphate; Sodium lauryl sulphate; Propylene glycol; Essential oils; Tetrasodium etidronate; Pentasodium pentetate.
Esta fórmula devia andar a ser aperfeiçoada consoante a auscultação dos utilizadores. A verdade é que este sabão já teve sebo na base e na formulação mais recente era vegetal. A fórmula que estava no site quando recebi a minha amostra não era esta. No geral eram estes os ingredientes, a fórmula era um pouco mais natural/orgânica, agora falta a manteiga de Karité que estava na fórmula anterior, por exemplo.
A formulação do sabão que experimentei era esta:
Glycerine; Sodium stearate; Sorbitol; Sodium Cocoate* Stearic Acid; Coconut Fatty Acid*; Lauric Acid; Cocus Nuciferi*; Olea Europea*; Sorbitol; Sodium Laurate; Sodium Laurate Sulphate; Sodium Lauryl Sulphate; Bulyrospermum Parkii*; Pentasodium Pentetate; Tetrasodium Etidronate; Essential Oils. (* elementos orgânicos).
Na formulação destacaria, como negativo, os SLS que não agradam a algumas pessoas e, como positivo, o azeite e a manteiga de karité.
2. Apresentação/embalagemCaixa de cartão paralelepípeda com dizeres a preto. Bem simples e funcional para uma recarga.
O sabão é cilíndrico com cerca de 6,5cm de diâmetro e 3cm de altura. Uma medida bastante comum mas seria mais fácil carregar com o pincel se o diâmetro fosse maior.
3. Carga de sabãoNão tive oportunidade de usar um sabão completo. Usei uma amostra oferecida pelo confrade cariocarj01, com a forma de uma fatia de queijo e cerca de 10g. Por essa razão tive bastante dificuldade a carregar o sabão que não parava quieto na taça ou quando o segurava na mão tinha de passar exaustivamente o pincel. A carga nunca foi satisfatória.
Melhores resultados tive usando a amostra como se tratasse de um stick, mas mesmo assim, besuntando a cara totalmente de sabão, a espuma não era mais que suficiente para as minhas habituais quatro passagens com espuma de conforto.
Concluo portanto que a carga do sabão não é fácil e exige algum trabalho e maior quantidade do que estou acostumado.
4. DuraçãoA amostra durou-me exatos 16 escanhoados. Mas este é um número otimista pois nem sempre fiz as habituais 4 passagens e a espuma roçou sempre o limiar entre a quantidade suficiente e insuficiente.
Estimo que uma pastilha de sabão de 100g me renda entre 90 e 130 barbas de quatro passagens e conforto.
5. Capacidade para formar espumaÉ preciso muito sabão e o mesmo precisa de ser bastante trabalhado com o pincel para espumar. A espuma cresce mas nunca chega a explodir. Fiquei com a impressão que o sabão espuma melhor na cara que na tigela.
6. Rácio água/sabãoÉ um sabão que gosta de menos água que o normal. Todavia, não existe espuma seca com este sabão. Ou existe espuma adequada, espuma um pouco aguada e mais deslizante ou espuma nenhuma.
É fácil passar o ponto da espuma se não se usar o método de incrementos sucessivos e marginais de água. Usando-se o sabão como stick não tem como errar.
7. Qualidade da espumaConsegue-se algum volume e opacidade com bastante carga de sabão. A espuma nunca se demonstra seca, nem se torna pesada ou pegajosa, é sempre gordurosa, aguada, lustrosa e sem bolhas de ar.
Se a espuma estiver ligeiramente mais aguada ou faltar produto no pincel, tem dificuldade em não mostrar a pele por baixo dela mas não tem tendência a desaparecer passado algum tempo nem as suas propriedades se esvaecem.
A espuma não amacia o pelo. Para alguns isso é uma clara desvantagem, para mim é vantajoso pois permite que a lâmina encontre resistência no pelo e o corte com mais facilidade. Só não considero uma caraterística totalmente vantajosa, porque se a barba tiver mais que um dia, a tendência é que a lâmina puxe o pelo. Se a barba estiver comprida, aconselho o uso de um pré que amacie o pelo.
8. Proteção e deslizeO deslize é fenomenal, a proteção é mediana. Diria mais, a proteção existe na medida que o deslize é fenomenal. Se a barba estiver desbastada, o deslize é tal que a lâmina parece patinar em gelo. Nenhum outro creme ou sabão, que eu tenha experimentado, apresentou deslize igualável.
A espuma não apresenta acolchoamento nem deixa resíduos que permitam múltiplas passagens sem aplicar novamente espuma. Como tal, é um sabão que não se dá bem com aqueles que não tenham uma técnica metódica de passagens ou não façam a barba todos os dias.
9. Sensação na caraConforto total. A pele fica confortável, quase como se não estivesse nada inatural na cara. Não se sente nada a picar, não se sente frescura nem secura, sente-se apenas uma ligeira camada líquida protetora (um escudo sem peso) e calmante de qualquer irritação.
10. Hidratação e sensação pós barbearAzeite, manteiga de Karité... A hidratação devia ser boa e é muito boa, a melhor que alguma vez experimentei. Deixa facilmente para trás pesos pesados como MWF, MdC ou Savon des Volcans.
Equipara-se aos melhores cremes hidratantes que já experimentei (e não me deixaram a cara gordurosa). A pele fica suave, nutrida e deslizante.
O sabão deixa uma sensação muito sã e calmante que a inclusão de um bálsamo ou loção só pode estragar.
11. AromaImaginem-se dentro de uma serração, com madeira de carvalho cheia de musgo à vossa frente. É a isso que cheira este sabão. Musgo, carvalho acabado de cortar e qualquer outra nota de madeira que não consegui descobrir.
Este foi o aroma que mais me agradou no barbear até hoje, aliás, quando recebi o envelope com a amostra, pensei que estava perante as notas de fundo de um bom perfume que tivesse sido derramado no envelope. Estava mesmo para perguntar ao confrade Classic-shaver (que me fez chegar a amostra), que perfume tinha alí caído, quando me apercebi que o perfume vinha do sabão.
O aroma é muito bom, mas ténue e só dura o tempo do barbear. Para uns, aqueles que consideram que o aroma de um sabão deve durar somente o barbear e não interferir com as fragrâncias do after-shave ou da colónia, a permanência do aroma seria perfeita, mas para outros (como eu) que gostam do aroma, saberá a pouco.
Diria ainda que o aroma não é potente o suficiente para mascarar completamente o cheiro rançoso do azeite que compõe o sabão e pode ser sentido esporadicamente.
12. PreçoGostei do sabão e por isso, na altura em que experimentei a amostra (antes das notícias de cessação de produção), simulei a importação de sabões (recarga) através do site da marca para Portugal (os preços podem variar em resultado do câmbio).
A importação de um único sabão rondava €22, enquanto a importação de quatro sabões rondava €16 por sabão (€64 no total). Estes preços não têm em conta prováveis impostos a serem cobrados na alfândega mas, mesmo assim, comprados em quantidade, aproximam-se do preço de outros sabões como os Valobra em pote.
Atenta a duração provável de um sabão, o escanhoado custaria entre €0,24 na pior das hipóteses e €0,12 na melhor. Cerca de dez vezes mais que os cremes mais baratos do mercado.
13. ConclusãoÉ um sabão artesanal com um preço alto, duração média baixa e que não agradará a toda a gente, principalmente a quem não faz a barba todos os dias.
Tanto proteção/acolchoamento, como amaciamento do pelo são medíocres. Contudo, o deslize e a hidratação são foras de série, destacando-se bastante de outros sabões.
O aroma é excelente e natural, mas falta-lhe duração e intensidade para além do barbear.
Certamente não é um sabão perfeito como um Martin de Candre, que de tão perfeito até se torna insípido. Pode-se dizer que é um sabão cheio de carácter, marginal, com defeitos e virtudes marcantes, que se destaca espetacularmente dos outros sabões por fugir do equilíbrio performante.
Recomendaria este sabão a quem procura algo peculiar e tivesse uns trocos a mais para gastar, mas o sabão não se produz mais porque a produtora não consegue manter o negócio cumprindo as exigências da UE.