(Image removed from quote.)Artigo de opinião interessante de hoje no P3, sobre a moda dos últimos tempos em Portugal (e não só) das barbas. Pessoalmente, como nunca fui muito de modas e sempre pensei mais pela minha própria cabeça, subscrevo grande parte do que é dito. Podem ler na íntegra aqui.
Crónica Os homens portugueses têm barba por fazer De outro modo não consigo explicar o porquê de, num repente, não mais discernir o rosto de familiares e demais conterrâneos por detrás de tanto pêlo, a pontos de deixar de os nomear pelo nome, tornando indistinto meio país Texto de João André Costa • 19/10/2015 - 19:02 Não sei se por um assomo de esquerdismo, não sei se por fruto de anos sem fim de austeridade sem fim, uma coisa é certa: um homem português só é homem se tiver barba, cerrada de preferência, hirsuta e abundante, espalhada pela face ao melhor estilo de um Guevara lusitano, assim representando através da sua pilosidade toda a vontade de um povo. Isso, ou então uma onda de desleixo varreu o país, lançando na penúria todos quantos dependem da venda de lâminas de barbear, tornando obsoleto um objecto que há séculos trabalha para dar um ar decente a todos quantos, de facto, pretendem tê-lo. Tal não é o caso do homem português. De outro modo não consigo explicar o porquê de, num repente, não mais discernir o rosto de familiares e demais conterrâneos por detrás de tanto pêlo, a pontos de deixar de os nomear pelo nome, tornando indistinto meio país, aproximando os homens do género lupino à força daquelas cerdas que tanto picam e das quais as mulheres tanto fogem por obra e graça de um desmazelo à escala nacional. Pergunto-me, então, porque não fazem os homens portugueses a barba? Até porque uma face barbeada não só é sinónimo de sucesso como não pica, e as mulheres agradecem. Porque se as opções até são muitas, desde a barba cheia ao cavanhaque, passando pela barba por fazer, o estilo lenhador, gringo ou amante latino, a escolha é infinda, não fosse o facto de cada uma dar muito trabalho e o homem luso apenas querer pêlos sem rumo, sem sentido, discernimento ou razão. Isso, ou vontade de crescer mais depressa do que a maturidade lhe permite, de modo a parecer, mas nem por isso ser, um homem na verdadeira acepção da palavra. Conclusão: Portugueses, façam-me essa barba, por favor, senão por vós mesmos, então pelas vossas mães, irmãs e mulheres, as quais merecem um homem melhor, que se levante pela manhã e não tenha medo de enfrentar a lâmina em riste e uma mão cheia de espuma de barbear, um homem que não tenha de se esconder atrás de uma multitude de folículos pilosos mas que se queira mostrar, tal como é, ao mundo, para que o mundo o possa ver, para que o mundo o deixe ser e vencer. Não há, portanto, nada a temer, nada a perder, é simples: é uma questão de higiene. Até porque lá fora torna-se cada vez mais fácil distinguir um português num mundo cada vez mais exigente, cada vez mais concorrente e competente: basta ter a barba por fazer. Aterro no aeroporto de Lisboa, apresento o passaporte, sou português. De imediato revistam-me a mala e confiscam a máquina de barbear: agora é a minha vez. Por acaso alguém tem aí um pincel de barba?
Uma barba dá de certeza mais trabalho para manter com bom aspecto do que uma cara limpa. Raros são os casos em que vi acontecer o oposto.