Author Topic: Algumas receitas de Bay Rum  (Read 3413 times)

Offline Luís Carlos

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Algumas receitas de Bay Rum
« on: July 21, 2014, 01:54:28 am »
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Disponibilizo aqui quatro receitas de pós-barba Bay Rum que possuo em minhas anotações sobre perfumaria. Foram tiradas de livros que estão em domínio público e contêm algumas pequenas adaptações.

Nunca reproduzi essas receitas e também nunca utilizei nenhum dos Bay Rums que estão atualmente no mercado, de modo que não posso atestar a eficiência ou não dos produtos. Como quase tudo que é “faça você mesmo”, o custo se de reproduzir as receitas pode ser maior que comprar um produto de um fabricante, especialmente se reproduzido em pequenas quantidades.

Precauções

Nem sempre o que é “natural” é inofensivo. Alguns óleos essenciais são conhecidos causadores de alergias e outros males. Cabe a cada um que se propor executar as receitas pesquisar a ficha de segurança (FISPQ no Brasil e MSDS nos EEUU) de cada ingrediente. Conveniente também é pesquisar adicionalmente em órgãos reguladores, como a Anvisa (Brasil) e IFRA (EEUU) se há algum tipo de restrição. Há compostos aromáticos que, por conta do histórico de problemas, são proibidos e há outros que são liberados, mas com determinação de quantidades máximas.

Na falta de informação, nunca aplicar o produto em menores de 12 anos e epiléticos e sequer deixarem-nos cheirar diretamente o produto.

Receita 1 - “Imitação” de pós-barba Bay Rum

Retirado e adaptado do livro “Encyclopedia of Practical Receipts and Processes”, de William B. Dick. Edição de 1903, pág. 114.

- 1ml (aproximadamente 20 gotas) de óleo essencial de Bay Rum leaves (Pimenta Racemosa). Ou 0,75ml (aproximadamente 15 gotas) de Bay Rum leaves (Pimenta Racemosa) mais 0,25 ml (aproximadamente 5 gotas) de óleo essencial de pimenta cereja (Capsicum Annuum), de pimenta-da-Jamaica (Pimenta Dioica) ou de cravo da Índia (Syzygium aromaticum).

- 500ml (aproximadamente 395g) de álcool etílico 96º.

- 500 ml (500g) de água.

Dissolver os óleos essenciais no álcool e acrescentar a água vagarosamente misturando constantemente. Caso o mistura se torne leitosa, acrescente mais álcool aos poucos até se tornar transparente.

Sugestões:

Para quem não fizer questão de manter a receita, em lugar de álcool, pode-se utilizar bebidas alcoólicas como rum, cachaça, bagaceira, vodka, saquê, absinto, etc. Deve-se ter em mente que o odor poderá mudar e que poderão aparecer problemas com solubilidade. Resistir à tentação de tomar um gole dessa mistura 8). Os óleos essenciais normalmente são tóxicos quando ingeridos.

Para quem não fizer questão de manter a receita, a água pode ser substituída total ou parcialmente por água de rosas, agua de flor de laranjeira, água de hamamélis ou outro tipo de hidrolato de escolha. O odor poderá se alterar também.

Para os colegas portugueses que possuam melhor acesso ao óleo de bagas de louro, que se reputa muito bom para males e ferimentos da pele, não seria má ideia acrescentar-lhe um pouco. Nesse caso tomar cuidado também com problemas de solubilidade.

Há a opção também de se adicionar um pouco de alúmen triturado.

Caso considerar necessário, pode-se aumentar ou reduzir proporcionalmente a quantidade dos elementos aromáticos sem aumentar a quantidade de álcool e água. Um pós-barba geralmente possui teor aromático entre 3 e 5%.

O autor não menciona essa necessidade, mas normalmente os óleos essenciais, apesar de quase 100% solúveis em álcool, necessitam de um tempo para transferirem todas as suas propriedades aromáticas. Assim, sugiro deixar a mistura dentro de um frasco hermeticamente fechado, de preferência escuro, em repouso por um mês em local sem luz. Após esse período, deixar uma noite no congelador. Retirar no dia seguinte e deixar fundir naturalmente (isso só pode ser feito se houver temperatura ambiente para isso, naturalmente). Após isso, filtrar. Se a ansiedade puder ser contida, é interessante deixar mais um mês em repouso antes de utilizar para que o perfume ganhe um corpo mais definitivo.

Receita 2 - “Imitação” de pós-barba Bay Rum

Retirado e adaptado do livro “Encyclopedia of Practical Receipts and Processes”, de William B. Dick. Edição de 1903, pág. 114.

- 1,85ml (aproximadamente 37 gotas) de óleo essencial de Bay Rum leaves (Pimenta Racemosa).

- 0,2ml (aproximadamente 4 gotas) de pimenta cereja (Capsicum Annuum).

- 3ml (aproximadamente 60 gotas) de éter acético.

- 537ml (aproximadamente 425g) de álcool etílico 96º.

- 463ml (463g) de água.

Misturar tudo e filtrar após duas semanas de repouso.

Sugestões

As mesmas da receita anterior.

Receita 3 - Pós-barba Bay Rum “Genuíno”

Retirado e adaptado do livro “Encyclopedia of Practical Receipts and Processes”, de William B. Dick. Edição de 1903, pág. 114.
 
Cabe registrar que ao se pesquisar na internet, devem aparecer mais de cem mil diferentes receitas “originais” de pós-barbas Bay Rum.

- 164g de folhas de Bay Rum (Pimenta Racemosa).

- 41g de cardamomos (Elettaria cardamomum).

- 10g de canela da China (Cinnamomum cassia).

- 8g de cravo da Índia (Syzygium aromaticum).

- 1,5l de rum.

Deixar os ingredientes sólidos macerarem no rum em local sem luz em recipiente hermeticamente fechado por pelo menos um mês. Agitar a mistura duas vezes por dia nesse período. Acrescentar 1 litro de água e destilar.

Sugestões

Em primeiro lugar, cabe alertar para o perigo de se utilizar álcool próximo do fogo. Se possível, é conveniente utilizar aquecimento elétrico e proceder à formulação em local aberto e longe de crianças e animais.

Para quem não possuir destilador (quase todos) e esteja interessado em reproduzir a receita, sugiro que produza um destilador caseiro mais ou menos da seguinte maneira:

Existe um aparato de cozinha que serve para cozinhar legumes e outros alimentos no vapor. Ele possui uma caçarola convencional onde se coloca água, uma caçarola com furos que se encaixa em cima da caçarola anterior onde se colocam os alimentos a serem cozidos, e uma tampa. A ideia é encher a caçarola inferior com a água e o rum, colocar os ingredientes sólidos na caçarola furada como se fossem os alimentos, providenciar um recipiente que resista à temperatura e posicioná-lo dentro (no meio) da caçarola com os ingredientes sólidos, colocar a tampa de cabeça para baixo com gelo por cima e aquecer.

Se tudo der certo, a água e o rum vão evaporar e, ao atingirem a tampa gelada, condensarão em gotas que escorrerão tampa abaixo e cairão no recipiente que está dentro da caçarola furada.
 
Não tenho certeza, mas acho que essa receita pode resultar em pouco mais de um litro de produto final. Caso não houver um recipiente que comporte essa porção que caiba dentro da caçarola furada, dividir a receita pela metade, por quatro, etc. e, se fizer questão de ter um litro do produto, repetir o processo o quanto necessário.

Se não tiver um aparato desses, pode-se improvisar ainda mais com uma caçarola com tampa e um recipiente de tamanhos apropriados. Nesse caso, haveria a necessidade adicional de um suporte que aguente o calor e que seja pesado o suficiente para não se mexer estando ao lado de água fervente. A ideia aqui é colocar esse suporte embaixo do recipiente que receberá o produto destilado de forma que esse recipiente não se mexa com a fervura da água nem receba respingos da água que está fervendo. É conveniente também que esse suporte tenha uma altura de uns dois centímetros ou mais que o nível da água. Depois virar a tampa para baixo com gelo em cima e aquecer.

Nos dois casos de improviso, providenciar gelo suficiente antes de começar. A destilação deve ser monitorada de perto e o gelo deve ir sendo substituído. Tomar cuidado também para que não transborde água do gelo derretido para dentro da caçarola.

Para um proceder com mais segurança, acho que se pode fazer a destilação somente com água (nesse caso não será necessário o período de maceração no rum) e acrescentar o rum no produto já destilado. Nesse caso, possivelmente a mistura pegaria menos dos elementos aromáticos e ficaria mais rala. Poderia-se aumentar a quantidade de aromáticos para tentar igualar.

Nesse processo é possível também efetuar a dupla destilação ou a tripla destilação. Nesse caso, é só ir redestilando o produto. Mas como nesses processos improvisados há bastante perda de elementos aromáticos, suponho que isso não altere em muito o produto final. De qualquer forma, cada redestilação resulta em menos produto.

Essa mistura teoricamente não necessitaria ficar em repouso nem ser filtrada. No entanto, desde que se aguente, seria conveniente deixar um mês em repouso também para o perfume ganhar corpo.

O tipo de rum pedido na receita não é detalhado pelo autor. Pela coloração dos Bay Rums antigos que se veem na internet, se a canela não for suficiente para a coloração que se costuma ver e se não há corantes, pode-se supor que talvez seja rum envelhecido e não rum novo. Trocar um pelo outro também pode alterar um pouco o aroma.

Uma observação adicional é que o Bay Rum não é o louro famoso (Laurus Nobilis). A receita tida como “original” supostamente é com Bay Rum, mas na impossibilidade de se obter as folhas do louro caribenho, e na vontade de tentar reproduzir a receita seja como for, pode-se utilizar a espécie de louro que estiver à disposição.

Receita 4 - Pós-barba Bay Rum – “Variação”

Essa receita (com adaptações) estava também em uma das minhas anotações sobre perfumaria. Foi colhida igualmente de um livro bem antigo que consultei certa ocasião em uma biblioteca. Infelizmente não tive o cuidado de anotar o nome do livro.

- 6ml (aproximadamente 120 gotas) de óleo essencial de Bay Rum leaves (Pimenta Racemosa).

- 0,5ml (aproximadamente 10 gotas) de óleo essencial de casca de laranja doce (Citrus sinensis).

- 4ml (aproximadamente 80 gotas) de tintura de Benjoim (Styrax tonkinensis).

- 8g de raiz de íris (Iris germânica) em pó.

- 500ml (aproximadamente 395g) de álcool etílico 96º.

- 500 ml (500g) de água.

Misturar tudo exceto a água e deixar em repouso por várias semanas. Filtrar e adicionar a água.

Sugestões

As mesmas para as receitas 1 e 2.

Offline marcodelima

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Re: Algumas receitas de Bay Rum
« Reply #1 on: July 21, 2014, 03:45:15 am »
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Obrigado pelas receitas Luís.

Offline cariocarj01

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Re: Algumas receitas de Bay Rum
« Reply #2 on: July 21, 2014, 08:27:55 am »
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Bacana. Obrigado pelas receitas. Quando eu puder vou testá-las.
A verdadeira dificuldade não está em aceitar idéias novas, mas em livrar-se das antigas. (John Maynard Keynes)

Offline secretum

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Re: Algumas receitas de Bay Rum
« Reply #3 on: July 21, 2014, 10:29:46 am »
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Bookmark!!!

Thank you ;)

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